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07/04/2014





No dia 2 de Abril realizou-se uma palestra na nossa escola sobre o Autismo, poucas pessoas compareceram, é verdade, talvez pela falta de tempo…Por essa razão deixamos aqui um resumo.





Dia Mundial da Consciencialização do Autismo


Palestra: do Autismo ao Espectro do Autismo







Em forma de introdução foi dito que as Instituições existentes para apoio de pessoas com autismo e suas famílias surgiram da necessidade dos próprios pais em encontrar um espaço onde os seus filhos tivessem intervenções terapêuticas para melhor responder ao seu desenvolvimento, claro está que estes pais estavam a fazer o papel que cabia às entidades governamentais. Assim, declarar, através das Nações Unidas um Dia Mundial de Consciencialização do Autismo seria uma forma de reconhecimento pelo trabalho das famílias. No entanto temos que ter em mente que a Consciencialização do Autismo tem que ser construída na “Sociedade” e “Todos 0s dias”!
Em 1943 e numa comunicação que se tornou um clássico, o pedopsiquiatra Leo Kanner da Universidade Jonhs Hopkins caracterizou 11 crianças com um síndrome anteriormente não descrita. Essas crianças tinham em comum uma incapacidade fundamental para se relacionarem com os outros, incapacidade para usarem a linguagem enquanto veículo de significados e um desejo obsessivo da manutenção do estado das coisas.
Em 1944 o pediatra austríaco Hans Asperger descreveu um síndrome em comum com o autismo, com incapacidades sociais e comportamentos restritos e repetitivos, mas onde as capacidades da linguagem encontram-se bem desenvolvidas e o funcionamento cognitivo não tem défices.
Tal como especifica o DSM-IV-TR ( American Psychiatric Association, 2000 ), as perturbações do espectro do autismo envolvem limitações das relações sociais, da comunicação verbal e não verbal e da variedade dos interesses e comportamentos. Existem 5 diagnósticos específicos do espectro do autismo ( ou Perturbações Globais do Desenvolvimento, designação usada pelo DSM-IV-TR que é sinónimo de PEA ). Estas incluem a perturbação autística, a perturbação de Asperger, a perturbação de Rett, a perturbação desintegrativa da segunda infância e a perturbação global do desenvolvimento sem outra especificação.
Apesar da asserção original de Kanner de que o autismo se distinguia da esquizofrenia, rapidamente veio a ser considerado uma forma de psicose e foi chamado “síndrome esquizofrénica da infância” e “psicose infantil” (Creak, 1961). Contudo, a investigação realizada por Kolvin (1971) que comparou cuidadosamente o autismo com a esquizofrenia acabou por demonstrar claras diferenças entre estes estados, quer quanto à fenomenologia quer quanto à idade de início.


Cada vez mais se evidencia os fatores genéticos que parecem desempenhar um papel importante no desenvolvimento do autismo (Bailey et al.,1995; International Molecular Genatic Study of Autism Consortium, 2001). A evidência resulta de quatro fontes primárias (Rutter et al., 1990). Primeiro, o risco de recorrência do autismo após o nascimento de uma criança com esta perturbação é de 3% - 6%, taxa que excede largamente a da população geral. Segundo, a taxa de concordância do autismo em gémeos monozigóticos é muito superior à dos gémeos dizigóticos. Terceiro, o autismo ocorre em associação com uma variedade de anomalias genéticas conhecidas, incluindo a síndrome do X frágil, a esclerose tuberosa e muitas anomalias cromossómicas diferentes. Finalmente, parece que algo é transmitido nas famílias dos probandos autísticos que não está presente nas famílias das crianças com outras perturbações (Bailey et al., 1998)

As preocupações quanto à prevalência aparentemente crescente das perturbações do espectro do autismo são frequentemente expressas, tanto pelos pais como pelos profissionais de saúde, e têm chamado a atenção dos meios de comunicação social. A investigação inicial sugeria que o autismo (estritamente limitado às crianças que preenchiam todos os critérios para a perturbação) tinha umja taxa de 4 a 6 sujeitos afetados em cada 10 000 (Lotter, 1967; Wing e Gould, 1979). Novos estudos concentraram-se nas crianças em idade pré-escolar, utilizaram medidas de diagnóstico normalizadas, cuja fiabilidade e validade tinham sido estabelecidas e empregaram técnicas de avaliação ativas. Estes estudos forneceram estimativas de prevalência da ordem dos 60-70 por 10 000, ou aproximadamente 1 em 150 em todo o espectro do autismo.

Atualmente com a publicação oficial do DSM V da (American Psychiatriac Association), a Síndrome de Rett deixou de fazer parte dos 5 diagnósticos especifícos do espectro do autismo, uma vez que foi isolado e confirmado que um gene no cromossoma X, MECP2 é responsável pelos casos de perturbação de Rett – sendo assim confirmada a causa genética. Outra das características que retirada como base de avaliação de diagnóstico do espectro do autismo foi a linguagem e dando maior relevância às interações sociais.


Só podemos viver em sociedade se ouvirmos o que os outros têm para nos dizer!


                                                                                                                


                                                                        Prof . Júlio dos Santos

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