No dia 2 de Abril realizou-se uma palestra na nossa escola sobre o Autismo, poucas pessoas compareceram, é verdade, talvez pela falta de tempo…Por essa razão deixamos aqui um resumo.
Dia Mundial da Consciencialização do Autismo
Palestra: do Autismo ao Espectro do Autismo
Em forma de introdução foi dito que as Instituições
existentes para apoio de pessoas com autismo e suas famílias surgiram da
necessidade dos próprios pais em encontrar um espaço onde os seus filhos
tivessem intervenções terapêuticas para melhor responder ao seu
desenvolvimento, claro está que estes pais estavam a fazer o papel que cabia às
entidades governamentais. Assim, declarar, através das Nações Unidas um Dia
Mundial de Consciencialização do Autismo seria uma forma de reconhecimento pelo
trabalho das famílias. No entanto temos que ter em mente que a
Consciencialização do Autismo tem que ser construída na “Sociedade” e “Todos 0s
dias”!
Em 1943 e numa comunicação que se tornou um clássico, o
pedopsiquiatra Leo Kanner da Universidade Jonhs Hopkins caracterizou 11
crianças com um síndrome anteriormente não descrita. Essas crianças tinham em
comum uma incapacidade fundamental para se relacionarem com os outros,
incapacidade para usarem a linguagem enquanto veículo de significados e um
desejo obsessivo da manutenção do estado das coisas.
Em 1944 o pediatra austríaco Hans Asperger descreveu um
síndrome em comum com o autismo, com incapacidades sociais e comportamentos
restritos e repetitivos, mas onde as capacidades da linguagem encontram-se bem
desenvolvidas e o funcionamento cognitivo não tem défices.
Tal como especifica o DSM-IV-TR ( American Psychiatric
Association, 2000 ), as perturbações do espectro do autismo envolvem limitações
das relações sociais, da comunicação verbal e não verbal e da variedade dos
interesses e comportamentos. Existem 5 diagnósticos específicos do espectro do
autismo ( ou Perturbações Globais do Desenvolvimento, designação usada pelo
DSM-IV-TR que é sinónimo de PEA ). Estas incluem a perturbação autística, a
perturbação de Asperger, a perturbação de Rett, a perturbação desintegrativa da
segunda infância e a perturbação global do desenvolvimento sem outra
especificação.
Apesar da asserção original de Kanner de que o autismo se
distinguia da esquizofrenia, rapidamente veio a ser considerado uma forma de
psicose e foi chamado “síndrome esquizofrénica da infância” e “psicose
infantil” (Creak, 1961). Contudo, a investigação realizada por Kolvin (1971) que comparou
cuidadosamente o autismo com a esquizofrenia acabou por demonstrar claras
diferenças entre estes estados, quer quanto à fenomenologia quer quanto à idade
de início.
Cada vez mais se evidencia os fatores genéticos que parecem
desempenhar um papel importante no desenvolvimento do autismo (Bailey et al.,1995; International Molecular
Genatic Study of Autism Consortium, 2001). A evidência resulta de quatro fontes
primárias (Rutter et al., 1990).
Primeiro, o risco de recorrência do autismo após o nascimento de uma criança
com esta perturbação é de 3% - 6%, taxa que excede largamente a da população
geral. Segundo, a taxa de concordância do autismo em gémeos monozigóticos é
muito superior à dos gémeos dizigóticos. Terceiro, o autismo ocorre em
associação com uma variedade de anomalias genéticas conhecidas, incluindo a
síndrome do X frágil, a esclerose tuberosa e muitas anomalias cromossómicas
diferentes. Finalmente, parece que algo é transmitido nas famílias dos
probandos autísticos que não está presente nas famílias das crianças com outras
perturbações (Bailey et al., 1998)
As preocupações quanto à prevalência aparentemente crescente
das perturbações do espectro do autismo são frequentemente expressas, tanto
pelos pais como pelos profissionais de saúde, e têm chamado a atenção dos meios
de comunicação social. A investigação inicial sugeria que o autismo
(estritamente limitado às crianças que preenchiam todos os critérios para a
perturbação) tinha umja taxa de 4 a 6 sujeitos afetados em cada 10 000 (Lotter,
1967; Wing e Gould, 1979). Novos estudos concentraram-se nas crianças em idade
pré-escolar, utilizaram medidas de diagnóstico normalizadas, cuja fiabilidade e
validade tinham sido estabelecidas e empregaram técnicas de avaliação ativas.
Estes estudos forneceram estimativas de prevalência da ordem dos 60-70 por 10
000, ou aproximadamente 1 em 150 em todo o espectro do autismo.
Atualmente com a publicação oficial do DSM V da (American
Psychiatriac Association), a Síndrome de Rett deixou de fazer parte dos 5 diagnósticos
especifícos do espectro do autismo, uma vez que foi isolado e confirmado que um
gene no cromossoma X, MECP2 é responsável pelos casos de perturbação de Rett –
sendo assim confirmada a causa genética. Outra das características que retirada
como base de avaliação de diagnóstico do espectro do autismo foi a linguagem e
dando maior relevância às interações sociais.
Só podemos viver em sociedade se ouvirmos o que os outros têm
para nos dizer!
Prof . Júlio dos Santos
Gosto
ResponderEliminarFoi muito interessante.
ResponderEliminar