“Mãe, está a dar-me uma cãibra” disse o meu filho depois de
colocar a mochila nas costas.
Todos os dias, quando ajudo o meu filho a transportar a
mochila para mais um dia de escola, fico preocupada com o peso que ele carrega.
O meu filho pesa 32.8 Kg. A mochila, verifiquei um destes dias, pesava 8 kg: o
manual, o livro de exercícios e o caderno para cada uma das disciplinas. Ele
carregava às costas aproximadamente 25% do seu próprio peso. Tenho conhecimento de
situações em que as crianças caem para trás com o peso das mochilas
Depois da alteração dos tempos lectivos de 90 minutos para
50 minutos as crianças e os adolescentes têm mais aulas diariamente. Terão pois
que transportar mais livros.
O excesso de peso nas mochilas tem consequências graves.
Pode causar danos a longo prazo: defeitos de postura, capazes de evoluir com o
tempo para escoliose infantil, cifose ou artrose precoces. Pode, em alguns
casos, perturbar o crescimento dos ossos da criança. Tudo problemas
irreversíveis e causadores de má qualidade de vida.
Penso portanto que a “escola “ devia preocupar-se mais com
esta questão e não exclusivamente com a redução de gastos. Até porque essa
redução é só a curto prazo. Futuramente, na vida adulta, estas crianças
sofreram de desvios de coluna, e outros tipos de doenças que ficaram muito mais
caros ao estado.
Decidi pesquisar, na internet,
se há algum limite de peso estipulado por lei para o transporte de peso nas
mochilas.
A conclusão a que cheguei é que em Portugal não há qualquer
tipo de legislação, já no Brasil, há “Leis que determinam carga máxima por
faixa etária”
“Em alguns Estados, como no Rio Grande do Sul, e em capitais
como São Paulo e Rio de Janeiro, existem leis que estipulam o peso máximo que
pode ser carregado pelos estudantes. A lei gaúcha determina que esse limite é
de 5% do peso do aluno na Educação Infantil e de 10% do peso do aluno no Ensino
Fundamental.
Uma pesquisa da
Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT) aponta que crianças de apenas sete
anos carregam cerca de 15% do seu próprio peso e, quando a carga transportada é
grande, a postura e o esforço requeridos chegam a afetar a capacidade
respiratória. Segundo um estudo do Departamento de Fisioterapia da USP, o peso
adequado deve ser, no máximo, de 10% do peso corporal, o que raramente ocorre.
Devemos ter
consciência destes problemas, e exigir dos poderes públicos tomadas firmes de
posição. Com a saúde das nossas crianças não se pode transigir. Elas confiam em
nós, não as podemos atraiçoar!
Paula Costa